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Mostrando postagens de fevereiro, 2017

O que garante a nós mesmas?

Quando se é mulher negra é difícil olhar ao redor e pensar: "poderia ter sido eu". Poderia ter sido eu não quer dizer que numa realidade diferente e distante aquela situação de violência racial e de gênero poderia ter me acometido. Poderia literalmente, fisicamente, emocionalmente ter sido eu. Porque nada neste mundo, e especificamente falando, neste Brasil, garante que uma mulher negra tenha o mínimo de humanidade reconhecida. Nada garante que não sejamos baleadas pelas costas pela própria polícia militar, que utiliza da alcunha institucional de proteção para poder agir violentamente nas periferias, e sendo assim, nada garante que eles não forjem as provas de seus próprios crimes para nos culpabilizar da violência e da morte e nos arrastar por 350km no asfalto. Portanto, nada garante que não sejamos não apenas metaforicamente, mas em toda a vida literal de violência que Cláudia sofreu. Nada garante que nossos filhos não sejam mortos e tenham suas realidades forjadas por qual