Barrar o liberalismo e o idealismo patriarcal e lutar pela nossa libertação! II

As frentes liberais avançam e retrocedem a luta pela libertação das mulheres brasileiras

Eu penso que esse seja um momento da conjuntura política das mulheres difícil de ser refletido. Lutar contra as frentes do liberalismo não é lutar contra as mulheres liberais. Libertação nunca foi fácil e várias vezes os oprimidos caíram em falácias, sofismo e desonestidades oportunistas daqueles que dominam. Sobre as mulheres que defendem e lutam pela legalização da prostituição, que dividem e dualizam mulheres em categorias e as transformam em opressoras potenciais, que abraçam as causas das ativistas trans e atacam aquelas que ousam questionar, que consideram o relacionamento aberto como algo prioritariamente libertador, que acham que ser "puta, vadia, vagabunda" e outros nomes pejorativos dados a nós pelos patriarcas transfigurado, agora, pelas filosofias pós-modernas, como algo interessante, bonito e empoderador: o intuito, ideia e prática não é arranjar briga, rivalidade e guerra contra essas mulheres. É com urgência que se necessita eliminar com totalidade todas as formas e práticas de pensamentos liberais que contribuem para que os mecanismos e estruturas patriarcais continuem atacando os nossos direitos, a nossa humanidade e os nossos corpos. Ser, de fato, "dona do meu próprio corpo", deveria implicar em não ter que depender economicamente de estupro sistemático liderado por cafetões. Ser dona do meu próprio corpo deveria representar a nossa humanidade digna de ser reconhecida e assistida como de fato humana fêmea que não precisa ser refém de uma indústria de estúpidos que lucram com o estupro de mulheres e crianças. Ser "dona do meu corpo" deveria representar que eu não vivesse em vulnerabilidade social tendo como uma das "possibilidades" dispostas às mulheres pobres a prostituição.

Dificilmente eu conseguiria dizer que as mulheres que cobrem ideais liberais para o feminismo (que diz respeito prioritariamente pela vida, saúde e autonomia da mulher), são, de fato, feministas.

Mas eu acho que somos capazes de querer a nossa libertação mesmo quando ainda estamos pautadas sob o véu de ideias patriarcais; acredito na real transformação de que somos capazes de fazer uma sociedade de mulheres livres. Eu não consigo compreender a ascensão de feministas lutando a favor da prostituição. Eu não consigo internalizar o conceito da prostituição ser aceitável ou uma via de empoderamento para as mulheres. E, o que mais apetece a minha insatisfação: elas lutam pela dignidade salarial que o Estado deve ter para com as "trabalhadoras do sexo", regulamentando e transformando a nossa realidade de pobreza e desumanidade em uma afirmação legal nas leis nacionais. Vivemos em um planeta que calcula ser mais de 70% de mulheres quem compõe a população pobre mundial (ONU em relatório Mulheres, violência e pobreza). Estamos vivendo uma realidade aqui no Brasil onde a cada 2 horas uma mulher é morta (Maria da Penha). Onde a cada 15 segundos uma mulher é agredida no Brasil (dados da Fundação Perseu Abramo). As taxas de feminicídio aumentaram em dez anos , onde as mortes de mulheres negras vítimas da violência ascenderam para 54% (em contrapartida, a morte de mulheres brancas diminuiu 9,8%, sendo, juntamente, um dado alarmante divulgado pelo MS - Ministério da Saúde).

Estamos em uma situação predominante de pobreza e vulnerabilidade social. Estamos sob a vigência de uma estrutura social capitalista e patriarcal-racista que se sustenta da nossa exploração massiva: mão-de-obra mais barata, ocupações com tarefas domésticas e exploração sexual nos tráficos internacionais e nas esquinas das ruas. Estamos sendo reféns de um sistema patriarcal que já colonizou os nossos corpos e a nossa humanidade.

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